Meu primeiro carro (apesar da minha contribuição neste caso ter sido restrita ao financeiro) se chamava Alfredinho. Tive outros e muitos outros, alguns nunca dirigi, outros viraram parte do meu apartamento - mas o carro que foi MEU mesmo, filho de pai e mãe, com o mesmo sobrenome, foi o Zeitona.
Esse pequeno guerreiro verde de quatro rodas foi um dos grandes pilares para a definitiva conquista da minha independência. Zeitona me fez entender que eu era capaz de domar a máquina, que eu podia sim, acelerar, debrear, frear, passar a marcha, olhar nos 3 retrovisores, ligar as setas e ainda verificar se o rímel não havia borrado, no “ quick make up ” durante o sinal fechado.
Zeitona me carregou pro mundo. Me levou pra Lapa nas noites de sexta, me levou ao shopping e ao cinema, e à árdua tarefa mensal de ir ao supermercado. Já saiu abarrotado de doações pros desabrigados das enchentes e foi o primeiro a me fazer pegar a estrada, durante o carnaval de 2009. Zeitona me levou, nas madrugadas da vida, atrás das emergências pediátricas do Rio, e me fez até reaprender matemática, na ânsia pelo entendimento do estranho cálculo da porcentagem limite do excesso de velocidade, e a soma dos pontos que a gente perde na carteira por esses mesmos excessos.
Se Zeitona tivesse piloto automático ele subiria a Grajaú-Jacarepaguá de ré. Ele conhece cada curva, cada buraco, já desvia automaticamente dos cachorros que insistem em brincar no meio da pista. Zeitona já passou vários sufocos na Grajaú - pneus furados e enchentes - e esteve sempre lá, firme e forte, quase um gladiador. Ele foi o meu mais fiel companheiro nesses quase dois anos de convivência.
Agora, Zeitona pertence a outra família. Ainda bem que é uma família do bem, com princípios, que vai tratá-lo com o carinho que merece, que já o adotaram como filho. Zeitona fará meus amigos felizes, tenho certeza, e os levará a vivenciar novas e incríveis aventuras pelas estradas da vida.
Dizem que carro bom é aquele que nos leva pra onde quisermos.
Zeitona não era bom, Zeitona era ótimo.
Zeitona só não me levou pra Lua.
Pros que, assim como eu, sentirão saudades: Michele, Cleide, Sil, Pedro, Paula (com e sem Miguel), Ana Cristina e Marcão – Malagueta ta na área.
E como diz o Beto: o meu fraco é um horti-frutti.
Amei este texto!!!!
ResponderExcluirNunca pus nome em nenhum carro, mas todos foram importantes na minha vida e eu os tratava como membros da família... E SEMPRE, sempre mesmo, eu me pegava chorando ao me separar de um deles... Era quase que uma traição... sei lá!! VAi entender!!!
Texto GENIAL!!!!!
Parabéns!!!!
Gostei!!! Zeitona é ótimo! Muito engraçadoOoO!
ResponderExcluirMalagueta é mais difícil de sair do que Zeitona. *sem caroço claro!