sábado, 21 de agosto de 2010

Minha Imperatriz


Num período de questionamentos da minha vida, especificamente no início de 2009, recorri ao Tarô como forma de autoconhecimento. Não sou intuitiva, nem tampouco estudiosa, não fiquei aberta aos insights, nem passei a dar consultas (rs). Mas foi um período muito legal de estudo, sobre os Arcanos Maiores e suas inclinações, assim como a iconografia das cartas...E durante todo curso, curiosamente, a carta da Imperatriz aparecia nos meus jogos, como que um alento, como um aviso para que eu tivesse calma, pois o fruto do meu trabalho e esforço um dia seria recompensado...


A primeira vez que vi a cara da Imperatriz – e era a mesma do tarô mitológico – foi um mês antes de descobrir que estava grávida, em uma consulta com uma grande numeróloga, lá em Niterói. Nesse momento, a Imperatriz me mostrava que Frederico já estava pronto para me presentear a incrível descoberta da Maternidade – um bebê enorme, um menino, Clarisse me dizia. Não deu outra. Meu filho já me rondava naquela época, somente aguardando o momento de encarnar.
Se fizer uma reflexão um pouco mais profunda, acho que durante toda a minha vida, vivi a Imperatriz. Nasci numa família de mulheres, com um único homem no comando. Família tradicional, de subúrbio, com educação e padrões morais rígidos. Sempre estive meio fora daquele contexto, meio fugindo as regras. Trabalhei muito cedo, segui minhas vocações. Busquei minha independência. Fui morar sozinha. Me casei, por amor e por vontade, mas aquela cerimônia religiosa era muito mais para dar satisfação à família do que por vontade própria. E mesmo dentro deste casamento, que aos poucos foi transformando a minha própria essência, eu era aquela que fazia, a que efetivamente realizava, a que tinha as responsabilidades com a casa, com o filho, com o outro. Imperando.
Sou geminiana. Não entendo muito dos signos, nem de astrologia, mas posso perceber características geminianas em muitos dos meus defeitos e das minhas virtudes. Uma dessas vertentes é a criatividade e meus vários talentos (olha a Imperatriz aí de novo) – gosto de escrever, sou artesã, estou sempre buscando aprender e fazer coisas novas. Minhas mais recentes aventuras são o tênis – que um dia ainda aprendo, tenho fé – e as corridas de rua. A última empreitada me rendeu 10km no aterro. Movimentação constante, afinal, sou signo de ar.
Quanto à feminilidade, concordo que tenha estado meio adormecida, após esse período meio dormente por conta da separação. Ressurgiu, ainda em ebulição, o que havia sido esquecido – não de fato eliminado, pois mesmo tendo sido uma criança meio nerd, de óculos e maria-chiquinhas, sempre me considerei uma “espécie feminina” interessante. Talvez a Imperatriz esteja querendo me mostrar que de fato, esta “Sandra” deve mesmo despertar, deve voltar à cena.
Quando soube que a Imperatriz queria me falar sobre realização, sair do teórico e ir para prática, me lembrei de uma frasezinha típica, que sempre escuto toda vez que me consulto com alguém: “Você tem mãos de cura”.  Mas o que poderia fazer para efetivamente para, que nesta busca do meu autoconhecimento, eu pudesse efetivamente fazer as coisas acontecerem? Como eu poderia usar meus dons e talentos para o bem, para o bem-estar do outro, para ajuda do outro, para a caridade? Como posso transformar essa necessidade em uma experiência que me leve em direção ao meu autoconhecimento? Bem, sempre me questionei muito sobre o que realmente estou fazendo neste planeta. Qual a minha missão? O que esperam de mim? Não é possível que a minha passagem por aqui seja meramente a passeio, como dizem, existe algo maior na minha essência, que urge, que precisa, que sabe que existe algo maior a ser feito. Essa busca incessante ora está adormecida, ora está efervescendo como agora - e confesso que ainda meio trôpega, ainda se acostumando com as bússolas e mapas disponíveis. O autoconhecimento não é um destino - Marcelo, meu mestre do Tarô, havia me dito. È um caminho construído, edificado dia-a-dia. E eu não consigo desvencilhar a imagem do autoconhecimento ao do desenvolvimento da minha espiritualidade. Ainda não sei se isso tem haver com religião. De tudo o que conheço não encontrei nada ainda a seguir. Acho que não sou daquele tipo que aprecia a “sopa de letrinhas”, mas talvez meu consciente bloqueie aquilo que não consigo entender. Tá na hora de me abrir aos insights. Ta na hora de confiar no Papa, para que ele se torne um Eremita.
Esta noite eu dormi profundamente. Dormi com a carta da Imperatriz. Não sonhei com nada específico. Ainda me sinto muito crua e aprendiz, muito novata. Sei que preciso espiritualizar-me mais – talvez por isso a aparição do Papa nos meus últimos jogos.
O que preciso? Deixar-me conhecer. Compartilhar experiências. É isso que levamos dessa vida. Um pouco de todo mundo que conhecemos.
Tenho certeza que o Tarô irá me ajudar – e muito – a me redescobrir.
A descobrir minha Imperatriz. Diariamente.

2 comentários:

  1. Estou super apaixonada pelo seu blog!!!!!!!
    Daqui a uns anos, se eu fosse vc, mandaria editar estas crônicas... Todas com a SUA vivência e experiência de vida mas que, eventualmente, poderão ser úteis para as pessoas que as lerem, como são, aqui, para mim!!!
    Eu não conhecia esta sua veia de escritora!!!
    Blog bárbaro!!! Textos geniais!!!!
    Bjs com minha admiração,
    C.

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  2. Bora marcar um encontro só pra conversar sobre esse post.. não é à toa que somos mães surtadas, mães restart, mães de signos com símbolo duplo (gêmeos e peixes), mães de super crianças...
    busca é comigo mesmo, preciso conversar sobre isso, te pago um drink, rs,rs
    BEIJOS

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