quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Kids and grown ups


Muitos foram os motivos para hibernar a escrita. Emoções não me faltaram: a gravidez e a chegada da minha filha seriam, sem dúvida, acontecimentos ímpares para serem retratados, porém, de tão importantes, foram poupados dos holofotes. Agora que a rotina novamente se acomoda, sinto falta do teclado e da atividade blogueira. Eis aqui a minha retomada, ainda que lenta, porém, não menos intensa. Seguem minhas últimas linhas e minhas últimas lágrimas, no retrato da passagem do meu príncipe para condição de vice-rei (inevitável o trocadilho...). Ele cresceu e os desafios são outros. Que venha 2013 e seu reinado!

 
Li no blog de um amigo, certa vez (http://natampadacaneta.blogspot.com), que enquanto buscava a creche para sua filha, procurava o que ele próprio havia tido na sua infância: uma segunda casa. Pois a descrição para o lugar que escolhi para a educação do meu filho não poderia ser mais apropriada! Então, plagiando meu amigo e como ele, acertando felizmente na minha escolha, posso afirmar que a Kids foi a segunda casa do Frederico.

Lembro-me que visitei outras creches, mas a acolhida com que fomos recebidos foi tão grande que não me restou nenhuma dúvida: era ali que eu - marinheira de primeira viagem – gostaria que meu maior bem estivesse, enquanto eu não estivesse por perto... E foi na Kids que vi meu menino crescer, se desenvolver, aprender a andar, aprender a falar e mais recentemente, aprender a ler e a escrever suas primeiras palavras.

Ao longo desses seis anos juntos vocês sempre estiveram ao meu lado em todos os momentos, me orientando e me apoiando, para que o Fred pudesse se tornar o menino que é hoje: carinhoso, educado, prestativo e solidário, muito embora a sua natureza agitada e ansiosa às vezes fale mais alto. Na Kids ele e eu fizemos grandes amigos, daqueles amigos que se leva pro resto da vida...

Por tudo isso que não pensei duas vezes com a chegada da Mano: é neste ambiente de alegria e paz que quero que minha filha também cresça. Quero para ela as mesmas lembranças felizes que o irmão terá, quero para ela as mesmas emoções, as mesmas festas, as mesmas conquistas, as mesmas vitórias.

Hoje são novos caminhos (ainda que inesperados) para meu pequeno homem. Novos desafios – nova escola, novas rotinas, novos amigos... Uma nova caminhada, mais longa e que está apenas no início...

Mas tenho certeza que – assim como eu - ele sempre lembrará com alegria e carinho, da casinha azul e rosa – aquela segunda casa - onde ele viveu feliz a sua primeira infância.

E sentirá saudades.

E cada vez que isso acontecer, sentirei meu coração de mãe sorrir: será a confirmação do quão acertada foi a minha escolha.

 

Mais uma vez o meu muito obrigada.

A mãe do Fred

quinta-feira, 19 de abril de 2012

SURPRESA!

Meus textos sempre vêm na minha mente nos dias em que vivencio grandes emoções, é fato. Tudo bem, As Arteiras têm sugado todo meu potencial criativo no momento, mas eu não poderia deixar de traduzir meus sentimentos em palavras, depois da noite de quinta passada, que me deixou com uma tremenda ressaca emocional de felicidade.
Era aniversário da minha amiga Viviane e estávamos embrenhados em uma árdua missão. Semanas antes, eis que surge um e-mail do Marcelo (ex-marido, amigo e pai de seu filho) nos pedindo pra organizar uma festa surpresa pra ela. Xande nasceu dois dias após o seu aniversário e desde então essa data vem sendo relegada a segundo plano. Nada mais justo que nossa amiga tivesse “aquela” festa, com direito a buffet, DJ, decoração e tudo mais que um aniversariante de 3.5 pode ter. Conto com a ajuda da Vane, fiel escudeira, economista, toda organizadinha, responsável pelas contratações. Me deixa com a parte mais gostosa da decoração, por favor!
Foram semanas trocando e-mails, checando pendências, quem ficou responsável pelo que, olha a lista de convidados, avisa as outras mães, não dá mole que é surpresa. Cecília deixar escapar, num dia na pracinha, sobre o presente coletivo. Vivi ainda pergunta do que estamos falando, mas Cecília louca inventa um “exame coletivo” (tenso) e disfarça.
O mais interessante de toda essa estória era a logística arquitetada pelo Marcelo. Viviane estaria em casa enquanto nós trabalharíamos como foragidas, no seu próprio play, numa versão tupiniquim de “Dormindo com o Inimigo”. Eu e Vane ainda perguntamos o que ela faria naquela noite, sugerindo até nosso costumeiro pastel no Adão, mas recebemos algumas desculpas esfarrapadas. Em nenhum momento ela nos contou dos seus verdadeiros planos – a ida ao teatro. Com Marcelo, é claro.

Na noite anterior, uma bomba – Cris me liga meio aflita, dizendo que tinha tido um probleminha com o bolo...
Cheguei cedo e pra tornar a coisa toda mais divertida, o senhorzinho da portaria era meio enrolado. Não me deixou entrar com o carro – “mas moço, eu preciso descarregar” – nem o cara do Buffet, nem a Vane com o restante das coisas (que incluíam barrinha de cereais e torradinhas light)... Depois, manda as chaves do salão, mas não da cozinha, peço a chave da cozinha, mas não manda as do banheiro. Grávida e banheiro são inseparáveis, lá vou eu perguntar sobre as chaves do banheiro... “A senhora não pediu”, como se ninguém precisasse ir ao banheiro durante uma festa... Dia quente, muito quente, torpedos do Marcelo a toda hora, tensão.

Vane me ajuda nas coisas que acho que ela é capaz. Fui acusada mais tarde de ser chatinha, afinal, ora bolas, existem talentos e talentos. O da Vane, definitivamente, não incluía colocar as florzinhas nos potinhos.
Finalmente sete horas e as pessoas foram chegando. Vito ficou com a árdua tarefa de buscar Fred e Juju na creche e depois nos contou a saga de controlar os pequenos no táxi, visto que a excitação deles para a festa surpresa – de quem era a festa, onde seria, vai ser na casa de festas – era a maior do que a de todos nós juntos.
Todos foram chegando... Não sei como Vivi não escutou a gritaria da criançada no play.
Chegado o momento torpedo do Marcelo, era pra todo mundo aguardar no hall do elevador. Abre-se a porta e aquele grito de “surpresa!” -  a cara da Vivi de espanto querendo nos convencer que sabia de tudo... Beijos, abraços, parabéns pra vc, mas ela não tinha noção que havíamos preparado muito mais praquela noite.
Vivi não pode conter as lágrimas quando viu a festa toda pronta.
Vane, a DJ da festa, preparou um setlist, que como disse Bochecha, não era de Deus. Uilliam assume o posto de barman e logo, logo várias caipirinhas de morango são servidas. As crianças correm ensandecidas pelo play, já sem camisa e descalças. Juju entra em crise de identidade ao ser barrada numa foto, a confraria dos homens já se reúne, e nós, as mães malucas, entre um crepe e outro, vamos curtir o som de nossa adolescência e juventude. Rolou passinho, break dance, Trinere, “take me in your arms” e aquela que por osmose habitou nossa mente durante o resto da semana: “my love, my girl, just like the wind”, do Tony Garcia – aquele, que ninguém sabia sua verdadeira nacionalidade. Hilário foi ver Bochecha dançando como a Phoebe de Friends, Vivi e Cris se acabando ao som da Pitty. Revendo as fotos, não tem como não conter o riso. Acho que as únicas sóbrias éramos eu e Manoela...
Vane senta no chão e começa a chorar... Bochecha, já bêbada, se senta ao lado dela tentando consolá-la, dizendo que era assim mesmo, que daqui a pouco ela e Gustavo fariam as pazes. Aninha não sabia que Vane estava chorando pq o Emelec havia virado o jogo nos últimos segundos e desta forma, o Flamengo havia sido eliminado das libertadores.
E de repente, Bochecha chora. Chora pq o Bruno é vascaíno e operou o joelho. Chora pq o cara da Oi TV não quis completar a instalação na sua casa e quis chamar a polícia. Chora pq a mistura de ansiolíticos e 5 caipirinhas nunca poderia dar certo. Chora pq Viviane diz que é pra ela não cortar a franja (como naquela combinação, já conhecida, de episódio de Glee mais garrafa de vinho). Chora pq está carente, chora pq alguém tinha que chorar naquele dia.
Bochecha vai pro banheiro com a Fer e horas se passam até que alguém se dê conta de que as duas estão tempo demais por lá. Enquanto Bochecha chorava (e dizia que ira morrer) Fer a consola, a lembra que tinha um filho pra criar, blábláblá, e sorte dela não ser eu pra lhe dar um tapas e mandar ela parar com aquela palhaçada...
Toca Michel Teló pras crianças, pra ver se ninguém vê Aninha sendo carregada pro carro. Enfim, Bernardo adorou a idéia de dormir na casa da Juju (“pq minha mãe desmaiou, tia Cris”) enquanto levavam Bochecha pro hospital, pra tomar glicose, quase em coma alcoólico.
Enfim, saldo da festa positivíssimo. Tudo deu super certo. Felizes e exaustas pela trabalheira física e emocional que nos rendeu essa festa.
Ano que vem, tem mais. 
Afinal, Vivi merece.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Álbum de fotografias


No meio das caixas ainda desembaladas, no meio do projeto de um novo lar, vejo, dentro de uma sacola, um álbum de fotografias. Poderia dizer que foi o acaso, mas você bem sabe que a curiosidade geminiana foi a responsável por tal investida.
Não, não se preocupe. Conheço os seus limites e, sobretudo os meus. Não vou além do que me permito.
Desfolho cada página, das poucas que restaram daquele álbum velho. Aquele de espiral, onde as fotos eram cobertas por folhas de plástico colante... que tinha uma foto de montanhas com neve na capa e uma contra capa azul... Algumas dessas fotos você tinha me mostrado noutra noite, se lembra? Você riu ao se lembrar das suas histórias...
Acho as suas fotos de bebê em preto e branco e me pego imaginando como serão as feições daquele que daqui a pouco irá chegar... Me pego analisando a sua beleza de menino, sua postura de rapaz, quase um adulto – quando os cabelos ainda eram dourados e cacheados, quando as roupas ainda eram estranhas, quando as responsabilidades não eram tantas...
Enfim, na busca de algo que definitivamente me lembrasse você consigo identificar aquele sorriso, lindo - talvez a única semelhança com o que ainda tenho.
Vejo fotos de um noivado. Vejo fotos de gente que não conheço.  Vejo fotos que não deveriam ser vistas (risos). E no afã da busca – busca pelo quê efetivamente não sei, algo seu, algo que reconheça como seu – vejo fotos de você. Vejo fotos de outras pessoas. Vejo fotos de outras pessoas com você. Vejo outras fotos de você, mas... era mesmo você?
Por mais que me esforce, não o reconheço. Tento vivenciar aqueles momentos, me transportando pra eles, tento sentir as emoções deles. Não posso. Talvez, porque naquele passado tão distante, onde éramos tão ausentes da presença um do outro - onde já existia uma saudade daquilo que não se conhece, uma ânsia da busca pelo que não se sabe – ainda não havia se formado esta estranha ligação que temos, e que mesmo que quase dissolvida por longos anos, às vezes, ainda me causa espanto... Ali não havia um mínino de “eu” na sua vida. Trato de afastar aquele pensamento egoísta, lembrando-me também dos meus próprios álbuns e das diversas fotos onde o tempo não permitia nenhuma presença sua...
De fato, compreendo que quem ali estava não era você, apenas uma parte... apenas aquela parte de experiências vividas. Apenas aquela parte da sua juventude. Apenas um pouco daquilo que hoje você é.  E se não houvesse aquela parte? Hoje, não seria você. Tudo o que você viveu te transformou no homem que é hoje. Nada poderia ser mudado. Sua vivências - as pessoas, as dores, as alegrias – são as grandes responsáveis pela formação do seu ser. Não poderia ser diferente. Não era pra ser.
Você chega, olho pra você. É aquele sorriso de menino ainda, são os mesmos olhos, a mesma postura, mas diferente, mais completo. Adulto. Pleno.
Que bom. Que bom termos vivido tudo o que vivemos para sermos o que somos. As experiências, assim como as fotos – e as lembranças, e as pessoas, e as dores e as alegrias – irão, certamente, se amarelando e um dia se transformarão também num álbum velho – como aquele dentro da sacola – e só conseguirão retratar parte do que um dia fomos, ainda que tão importantes e tão dentro de cada um de nós.
Mas o sorriso, a essência, essa ainda estará ali, mesmo que confundida e camuflada pelos anos, pelas rugas, pelos vícios, pelos apegos e pelos cabelos brancos.
Fecho o álbum, devolvo a sacola para o lugar a que pertence. Sorrindo, entendo, finalmente o porquê de tantos desvios. Agora sim, estamos completos para vivermos o que for necessário.
Você voltou. Que bom.
Enfim, compreendo.
Agora sim, tudo está bem.