terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Maluca sim, e daí?


Sábado passado foi a festa de final de ano da creche do Frederico. Já sabíamos, através do nosso grupo secreto de investigação materna, que a música a ser apresentada era a “O barquinho”, da Maysa. Frederico, inclusive, já havia me deixado chocada – e orgulhosa, obviamente – ao cantarolar bossa nova dentro do carro, dia desses, voltando pra casa. Já havíamos gargalhado muito – nós, as mães do Pré I – após todas aquelas discussões sobre os custos da creche e pagamentos extras, com o recebimento da circular sobre a confecção da “cabeça-barco-de-espuma”, e todas as elucubrações decorrentes do fato, que culminaram no Grêmio Recreativo Bloco de Rua “Loka é a mãe, eu sou Napoleão”, promessa de folia certa no carnaval 2011.
Lá fomos nós, estrear nossas tão faladas camisetas, num misto de ansiedade e excitação pela sonhada apresentação dos nossos filhotes. Maravilhadas pelas apresentações que antecederam, vendo pequenos tão mais pequenos que os nossos – como eles todos um dia foram – nos encantando, nos fazendo rir, e para aquelas mais emotivas, nos fazendo também chorar.
Além de bobas, nos descobrimos cantoras, entoando, num uníssono desafinado, aquela velha canção da Arca de Noé da nossa infância, quando o som da festa resolvia dar pane. Como foi bom ver aqueles pirralhos representando num palco, enquanto a gente embalava em coro um “venham ver como dão mel as abelhas do céu”...
Cadê a Cris que ainda não chegou? Liga pra ela, avisa que a apresentação já tá começando... Putz, não acredito que a Cíntia esqueceu de levar a camiseta... Lisandra e a sua incrível matemática dos gêmeos, conseguiu me deixar confusa...
Nervosas, estávamos todas em conjunto, pelas nossas Anas. Ana Cristina sobe pra ler poema de crianças, Ana Bochecha e seu silicone importado nos cabelos, pra declamar sobre sonhos e barquinhos de papel. A outra Ana, aquela nos recebe todos os dias, foge dali pra trocar o uniforme da creche, e exibe sorridente a sua camiseta, aderindo também a toda aquela louca manifestação de orgulho.
Mãe com M maiúsculo fala no microfone, paga mico, sobe no palco, explana seu amor de forma desavergonhada. Mãe com orgulho fica ali na beirinha, babando as crias, enquanto os pequenos se exibem e – finalmente – se apresentam. Coreografia, sambinha, chapéu de barco, bossa nova. Muita coisa pra se dizer e se sentir numa apresentação apenas.
Indescritível perceber aquele sorriso tímido do meu Frederico, assim que me descobre naquela platéia repleta de mães ensandecidas.
Ainda me emociono com o poema da minha amiga Ma, e minha linda Cacá desfilando no calçadão como a Garota de Ipanema. Acho que tava meio impossível daquele sorriso bobo sair do meu rosto naquele dia.
E quando a gente acha que acabou, vem a canção de Natal. Como disse Bochecha, ver a galerinha cantando Xuxa foi apelação. A escola toda no palco, fazendo coral, não tem rímel à prova d’ água que dê jeito. Chorei. Chorei muito. Mesmo com a Fer me cutucando do lado, dizendo que era pra eu não perder a pose. Nunca escondi de ninguém que sou mulherzinha mesmo.
No final da festa, todas com os barcos na cabeça, momento de terapia em grupo. Análise sobre o que foi mais mico na vida de cada uma delas: andar de perna de pau, dirigir kombi ou ir no programa da Xuxa? E o assunto, regado a pipoca, mini-pizzas, sorvetes e refris, passou de traumas de infância e palhaços, pra combinação de passeios, discussão sobre educação e novas escolas, e a importância de se dar continuidade aquela amizade tão legal que surgia entre os pequenos.
Percebi, anestesiada, que estar ali, com as mães e os pais dos amigos do meu filho,  naquele "dia de luz", naquela "festa de sol", me fazia um bem danado. E que naquele momento, além daquela apresentação magnífica, eles – nossos filhos – também nos presenteavam uns aos outros. Gostosa aquela sensação de estar entre iguais, no meio daquele pandemônio todo, rindo, trocando experiências, enquanto observávamos nossos filhos correndo, suados, exaustos, pelo pátio da escola.
Que amanhã, quando “seremos” Pré II (parafraseando Frederico) , estejamos compartilhando mais aventuras, mais afetos, mais camisetas, mais barcos de espuma, mais maluquices.
Afinal, como disse a Vane no microfone e como a estampa da nossa camiseta, somos todas mães malucas, sem nenhuma modéstia.
Malucas completamente, acrescento. Malucas pelos nossos filhos.

Para todas as mães malucas do Pré I

2 comentários:

  1. Cara, só chorando mesmo... a gente tem que ter muito orgulho desse nosso amor, dessa vida que a gente tá construindo... ali estavamos corujando não só nossos filhos, como também seus amiguinhos, prq agora tb são um pouco nossos.... beijos.........

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  2. Muuuuito bom o post Sandra! Me fez voltar às emoções do sábado!
    Realmente muito legal o elo de amizade que, inconscientemente, nossos filhos formaram entre eles e entre nós. Cada um deles é um pouco nosso filho e cada uma de nós um pouco da mãe deles... O orgulho com as conquistas dos pequenos, assim, só se multiplica!
    Beijos, tenho mito orgulho de fazer parte desse grupo de "mães malucas"

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